Neste dia em que comemoramos a adesão do Pará à independência do Brasil, que aconteceu há 191 anos, em 1823, quase um ano depois do famoso grito do Ipiranga, quero conversar um pouco sobre essa história com vocês.
A nossa adesão foi apressada por um blefe do almirante John Pascoe Grenfell, enviado pelo imperador Dom Pedro I.
O país era dividido em duas capitanias: a província do Grão Pará e Maranhão e a província do Brasil. Os dois territórios faziam parte da colônia portuguesa, mas quase não havia comunicação entre eles. O Pará se reportava diretamente a Portugal e pouco contato tinha com o resto do país.
A missão do almirante deveria ir apenas até a Bahia. “Não havia ordens para chegar ao extremo norte. Mesmo assim, a esquadra aportou em Salinas, no dia 11 de agosto de 1823”, conta o historiador João Lúcio Mazzini.
Grenfell trazia uma carta que seria de Dom Pedro I. O documento comunicava que os governantes do Pará deveriam se unir ao Brasil, caso contrário teriam os territórios invadidos. A esquadra imperial estaria esperando em Salinas, pronta para bloquear o acesso ao porto da capital e assim sufocar a economia, baseada nas exportações.
No mesmo dia 11, foi convocada uma assembleia no Palácio Lauro Sodré, sede administrativa na época. Acreditando na história e temendo um ataque, os governantes preferiram aderir à Independência, sob a condição de que os postos e cargos públicos fossem mantidos. A adesão foi assinada quatro dias depois, data escolhida para o feriado. A ata com as assinaturas faz parte do acervo do Arquivo Público do Estado do Pará.
“Foi um ato que não mudou absolutamente nada. Deixamos de pertencer ao império português e passamos a pertencer ao império brasileiro, mas para as pessoas comuns: negras, índias e pobres, não houve mudança”, explica o historiador. Foi realmente um golpe. Era uma esquadra formada por 100 homens sob o comando de Grenfell, que tinha apenas 23 anos. A população de Belém era de pelo menos 15 mil pessoas. Não havia possibilidade de confronto.
Três meses após a adesão, uma revolta das tropas paraenses foi duramente reprimida. Exatos 256 paraenses que lutavam por cidadania e direitos iguais aos dos portugueses que aqui viviam foram confinados no porão do Navio São José Diligente e morreram asfixiados, sufocados ou até mesmo fuzilados. Este episódio marcou um momento de consciência política e de identidade local. Nasceu ali um forte sentimento de identidade paraense que irá explodir mais tarde em outras revoltas, como na Cabanagem, que eclodiu em 1835.
Amigas e amigos.
Esses fatos nos conduzem a reflexões sobre os destinos do Pará e a luta de todos nós, paraenses, por direitos igualitários, temas que continuam atuais nos dias de hoje, quando, juntos, lutamos por direitos básicos como saúde, educação, segurança, saneamento e transporte público de qualidade. Não podemos esmorecer. Precisamos aperfeiçoar nosso sistema democrático a fim de reparar as injustiças e desigualdades que ainda afetam a nossa sociedade e garantir cidadania a todos. Um feliz feriado a vocês.
Saudações do Jordy.
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