terça-feira, 5 de novembro de 2013

Audiência no Ministério Público debate intervenção na Coomigasp

Garimpeiros de Serra Pelada reivindicaram ao Ministério Público do Estado a anulação da intervenção na Cooperativa de Mineração de Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp). Eles criticam que não há sobre a atual diretoria nenhuma acusação e que em outras três intervenções não houve benefício aos trabalhadores. Mas segundo o Procurador Geral de Justiça, Marcos Antônio Ferreira das Neves, a intervenção é uma questão de cumprir o que a justiça decidiu, “O papel do MPE é fazer cumprir o que a justiça decidiu, e se por ventura a justiça decidir que a intervenção deve ser anulada, nós também cumpriremos essa ordem”, explicou. A audiência, requerida pelo deputado federal Arnaldo Jordy (PPS / Pará), foi realizada ontem (04/10), na sede do Ministério Público do Estado com participação de uma comissão de garimpeiros, a atual diretoria da  Coomigasp, os deputados federais Jordy, Domingos Dutra (SDD/PA) e Wandenkolck Gonçalves (PSDB/PA), o interventor Marcos Alexandre Mendes e membros do MPE.

Em virtude disto, trabalhadores e parlamentares propuseram que as atividades da mineradora sejam paralisadas durante o período de intervenção, para que os trabalhadores tenham seu patrimônio assegurado. “A intervenção é um ato radical dentro de uma democracia, e por isso têm que ser olhada com cuidado, o nosso objetivo aqui é garantir a transparência dos fatos em relação aos contratos da Coomigasp e a Colossus, e garantir a esses homens e mulheres que entregaram sua vidas a essa atividade, a terem o que lhes é de direito”, disse Jordy (PPS / Pará), em audiência requerida por ele.

O deputado Jordy explicou também que é importante revê a questão do contrato atual, que é totalmente lesivo aos garimpeiros, onde 75% do que for extraído é da mineradora Colossus e só 25% para os garimpeiros. Para apurar possíveis ilegalidades no contrato e desvios de recursos pela diretoria anterior, Jordy declarou que está coletando assinaturas para abertura de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, composta por deputados e senadores)  para investigar as possíveis irregularidades no contrato entre a mineradora canadense Colossus e a Coomigasp.

O MPE apurou que R$ 54 milhões foram repassados desde 2007 pela Colossus para a Coomigasp, sem que os garimpeiros recebessem valor algum. A dívida trabalhista da cooperativa chega a R$ 17 milhões. Segundo o promotor Helio Rubens Pereira, a intervenção é um ato radical, porém necessário, diante do cenário da relação Garimpeiros x Colossus, "Isso é outro tipo de fraude que será apurada pelo interventor. Alguém abre o processo, a cooperativa não contesta e cria-se o título de dívida. As ações fraudulentas serão contestadas", explicou o promotor.

O deputado Jordy reforçou também a omissão do Ministério das Minas e Energias nessa questão, e lembrou que está esperando a explicação do ministro Edison Lobão sobre a denúncia de que o escritório que representa interesses da família Lobão, no Maranhão, consta em uma planilha de pagamentos da Cooperativa de Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp), “Caso estas acusações procedam, já sabemos o porquê do descaso do ministério em relação a essa situação”, concluiu Jordy.

Durante a intervenção, uma série de medidas foram acordadas para serem cumpridas pelo interventor, como a entrada de uma ação penal contra todos os envolvidos no desvio, uma ação de indenização contra a Colossus, devido ao pagamento irregular, o levantamento geral das dívidas da Comigasp, uma vistoria no interior da mina, que será acompanhada por um corpo técnico para fazer a análise, cumprimento da reintegração de posse de algumas terras para os garimpeiros, análise da concessão da mina, não prorrogação da intervenção e criação de uma comissão de controle do trabalho do interventor.









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