Você sabia que o terreno da casa de
sua família pode não ser legalizado e você ainda é obrigado por lei a pagar até
quatro tributos para ter direito a viver e construir sobre ele? Pois é. E a
Secretaria de Patrimônio da União (SPU) já entrou com ações na Justiça Federal
para obrigar você a pagar, anualmente, o foro de 0,6% sobre o valor do terreno;
a taxa anual de ocupação; e o laudêmio – valor que a União cobra nos casos de
benfeitorias, transferências ou cessões de imóveis nesses terrenos -, mesmo
você também pagando à prefeitura o IPTU (Imposto Territorial e Predial Urbano).
Para acabar com toda essa abusividade
de cobranças – consideradas bitributação – parlamentares da Câmara
Federal e do Senado apresentaram vários projetos de lei. E para debater os projetos,
essas cobranças e a situação de cerca de 300 mil moradores que ocupam essas
áreas em Belém, a Comissão Especial da Câmara Federal realizou uma audiência
pública hoje, no auditório João Batista da Assembleia Legislativa do Pará.

Há vários anos Jordy apoia moradores dos bairros
do Jurunas, Cidade Velha, Guamá, Condor e da ilha de Mosqueiro que lutam contra
a cobrança dessa taxa, com apoio do Ministério Público e da OAB - Pará (Ordem
dos Advogados do Brasil) na justiça e contra a tentativa da União (SPU) em
levar os bens e imóveis de moradores dos ‘terrenos de Marinha’ à leilão, para
quitar os débitos junto à SPU. “Essas são distorções que caminham há
praticamente 195 anos e o tratamento dado a essas áreas não faz mais sentido
porque a legislação que trata do assunto foi estabelecida há quase dois
séculos, remontando um cenário que não se enquadra mais na realidade nacional,
é necessário que o bem seja liberado, tirando assim do cidadão uma divida que
não é de sua responsabilidade, tornando a legislação mais justa e contemporânea”,
explicou o deputado.
Para Jordy a cobrança é uma
imoralidade, já que a união arrecada para seus cofres 886 milhões de reais por
ano, e não leva beneficio algum para a população que habita essas áreas.
Segundo o agrimensor, defensor
público e estudioso Cândido Paraguassu Eleres, que também defende a extinção
dos ‘terrenos de marinha’, qualquer nível de maré nos dias de hoje não é
verdadeiro para a demarcação desses terrenos, por causa da elevação do nível do
mar e da alteração da topografia ao longo do litoral brasileiro.
O que são Terrenos de Marinha?
Os Terrenos de Marinha são áreas
situadas na faixa de 33 metros de distância da maré alta e também de rios
e lagos, sob influência de marés. Além dos terrenos em Belém e na Região
Metropolitana, há vários terrenos em todo o arquipélago do Marajó e em dezenas
de municípios do estado nessa condição. Esses terrenos estão entre os bens
imóveis da União e, para ter o direito de ocupá-los, é preciso pagar anualmente
o foro, de 0,6% do valor do terreno; a taxa anual de ocupação; e o laudêmio –
valor que a União cobra nos casos de benfeitorias, transferências ou cessões de
imóveis nesses terrenos.
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