Artigo do deputado federal Arnaldo Jordy (PPS/PA):
Há dois anos trouxemos à luz da
sociedade um crime monstruoso contra nossas crianças e adolescentes, a
pedofilia. Com a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI da
Pedofilia, pela Assembleia Legislativa do Pará, em dezembro de 2008,
constatamos mais de 100 mil casos de exploração sexual no estado. Foi um
processo doloroso pra todos na medida em que mergulhávamos nos escaninhos desse
crime tão perverso e destrutivo à sociedade. Mas o pacto criminoso de silêncio
foi quebrado.
A repercussão da CPI foi
importante para gerar na sociedade um sentimento de repulsa ao crime, uma vez
que os envolvidos e até os conhecedores de casos de pedofilia passaram a fazer
denúncias. Durante os 12 meses de investigações, recebemos quase 900 denúncias
de casos ocorridos principalmente em Santarém, Breves e Belém. Mas, infelizmente,
esse crime ocorre em todos os 144 municípios do Pará, que é considerado o
terceiro Estado de maior ocorrência de exploração sexual contra crianças e
adolescentes.
A CPI da pedofilia foi encerrada,
mas o combate a essa violação deve permanecer na agenda da sociedade, do
Legislativo, do Executivo e do Judiciário. É uma obrigação de todos que não
aceitam o desrespeito aos elementares direitos da criança e do adolescente, que
indefesos, podem ser submetidos a uma violência cruel de tráfico para fins
sexuais, prostituição, turismo sexual, pornografia e abuso infanto-juvenil.
Outros avanços foram registrados,
pois a CPI também recomendou o
fortalecimento de Conselhos Tutelares; a criação de núcleos do Propaz e ampliação
para outras regiões do Estado, delegacias especializadas no atendimento às
crianças e adolescentes e, além disso, propôs a criação de uma subcomissão da
Comissão de Direitos Humanos da Alepa, exclusivamente para tratar de casos de
abuso sexual.
O Presidente do Tribunal de Justiça de
São Paulo, Desembargador Carlos Viana, alerta para o receio em denunciar esse
tipo de delito, afirmando que “aquele que é agredido sexualmente, aquele que é
abusado, ele demora a exteriorizar, às vezes nem exterioriza”. Por isso, defende
que sejam criadas delegacias especializadas, com profissionais com preparo
psicológico para atender crianças vitimadas e espaço diferenciado “para que
essas crianças e adolescentes abusados sexualmente fiquem mais a vontade”.
O combate ao crime de pedofilia exige
o cumprimento de muitas outras ações, como a erradicação da pobreza. Sabemos que
para uma criança se desenvolver de forma saudável é necessário o apoio e
estrutura da sociedade, da escola e principalmente da família integradas em uma
rede de proteção, como exige o Estatuto da Criança e do Adolescente. A sociedade precisa estar vigilante
para que não retrocedamos, voltando aos tempos do silêncio e impunidade.
As conquistas alcançadas tem sido
fruto de muito esforço, sobretudo de entidades e personalidades que combatem a pedofilia.
Aliás, isso foi observado na Audiência Pública da Alepa, realizada dia 2 de
março passado, que contou com a participação de várias entidades da sociedade
civil. Estavam ali, vozes e mãos mais poderosas daqueles que forjam as
moléstias sociais e impões a dor e a humilhação para nossas crianças.
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